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Como foi vida dos santos que navegaram da Inglaterra para Sião

Parte dos pioneiros que participaram estabelecimento de Sião no Vale Salgado foram imigrantes europeus. Esses imigrantes faziam uma viagem difícil de navio até chegar aos Estados Unidos e o diário de uma pioneira nos conta detalhes.

Mary Goble

“Eu, Mary Goble, nasci em Brighton, Sussex, Inglaterra, em 2 de junho de 1843. Meu pai era William Goble, filho de William e Harriet Johnson Goble. Minha mãe era filha de John e Sarah Penfold. Minha infância foi igual à da maioria das crianças.

Quando eu tinha doze anos, meus pais se juntaram aos Santos dos Últimos Dias, e no dia 5 de novembro fui batizada. No mês de maio partimos para Utah. Saímos de nossa casa em 19 de maio de 1856.

Chegamos em Londres no primeiro dia, no dia seguinte chegamos em Liverpool e [então] embarcamos no navio Horizon naquela mesma noite.  Era um veleiro.  Havia quase novecentas almas a bordo.

Embarcamos no dia 25. O comandante do navio nos conduziu para o mar aberto. Lembro-me bem de como vimos a velha Inglaterra desaparecer de vista. Cantamos “Farewell, Our Native Land, Farewell” (Adeus, Nossa Terra Nativa, Adeus).

Depois que superamos nosso enjoo, nos divertimos muito. Jogávamos e cantávamos canções de Sião. Fizemos reuniões e o tempo passou alegremente.

Quando estávamos navegando pelas margens da Terra Nova, ficamos presos em um nevoeiro denso por vários dias. Os marinheiros ficavam noite e dia tocando sinos e soprando sirenes de nevoeiro.

Um dia, eu estava no convés com meu pai quando vi uma montanha de gelo no mar perto do navio. Eu disse: “Olha, pai, olha”. Ele ficou branco como um fantasma e disse: “Nossa, minha menina”. Nesse momento a neblina se dividiu. O sol brilhou forte até que o navio estivesse fora de perigo, então a neblina se fechou novamente sobre nós.”

Detalhes da viagem

Mary e sua família passaram mais de cinco semanas a bordo do Horizon. O Élder Edward Martin, que retornava de uma missão na Inglaterra, era o líder do grupo de santos.

Jesse Haven, voltava de uma missão na África do Sul, era o primeiro conselheiro e George P. Waugh, um converso britânico, era o segundo; John Jaques era o historiador.

Tanto o Thornton, que partiu de Liverpool em 4 de maio de 1856 e chegou a Nova York em 14 de junho de 1856, quanto o Horizon foram contratados por Franklin D. Richards para transportar emigrantes santos dos últimos dias.

A maioria dos passageiros desses dois navios foram organizados em uma das quatro companhias que foram pegas nas primeiras tempestades em Wyoming. Assim, a maioria dos passageiros de Thornton se tornam parte da companhia Willie, e os do Horizon juntaram-se às companhias Hodgetts, Martin ou Hunt.

Com 856 passageiros mais a tripulação a bordo do Horizon, o espaço era apertado: “Os beliches para dois passageiros têm cerca de 1,80m de comprimento por 1,20m de largura, alinhados como manjedouras de cavalos”.

Os santos foram organizados em nove alas, cada uma com líderes presidentes. As alas se combinavam para as reuniões de domingo, mas cada ala realizava reuniões de oração todas as manhãs e noites, bem como reuniões de comunhão.

Edward Martin escreveu a Franklin D. Richards, dizendo: “Eu faço questão de visitar cada parte do navio seis ou sete vezes por dia”. 

Os desafios da viagem de navio

Uma corneta era tocada todas as manhãs às 5h (mais tarde alterada para 6h) e todas as noites às 22h. Os passageiros preparavam suas refeições na cozinha. John Jaques escreveu: “Cozinhar para 800 pessoas famintas em uma cozinha não é algo simples, especialmente quando cada família ou pessoa tem uma panela ou prato particular”.

Quatro casais se casaram durante a viagem. Quatro crianças nasceram, incluindo Nancy Horizon Wilson e William Horizon Paxman. John Jaques registrou seis mortes, incluindo a pequena Nancy Wilson e duas outras crianças que morreram em Boston Harbor antes do desembarque.

Depois de alguns dias no mar, Jaques relatou: “As crianças ficam felizes, tanto acima como abaixo do convés. Jogar bolas de gude, pular corda e toda a parafernália disponível das brincadeiras de infância são solicitadas. Os meninos mais velhos se divertem puxando as cordas com os marinheiros. Vivemos muito alegremente juntos.” 

O primeiro dia no mar foi tranquilo e suave. “Mas que mudança no dia seguinte”, escreveu Jaques. “O enjôo mudou nosso semblante para uma tonalidade pálida e lamentável. Tal adoração de baldes, latas e panelas inomináveis, não tentarei descrever.” 

Poucas semanas depois de chegar novamente em terra firme, Jaques relatou: “Acho que, no conjunto, nós, no Horizon, fizemos uma viagem tão agradável quanto a maioria dos emigrantes poderia fazer.

“Tivemos uma brisa forte ocasional e partiram-se uma ou duas velas, mas não enfrentamos uma única tempestade.” Ainda assim, ele concluiu: “Gosto mais do começo e do fim de uma viagem marítima do que qualquer outra parte dela”.

Veja também: 24 de Julho: Dia dos pioneiros e seu valioso legado de fé

Fonte: LDS Living

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